Crítica: El Equipo e sua lavagem cerebral

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Foi uma sensação estranha que se apoderou de mim nesta segunda-feira, durante a estreia de “El Equipo“. Enquanto minha mente desejava se concentrar na história, minhas tripas, inquietas, encontraram dois adversários: o vazio da tristeza e os sucos amargos da impotência, frustação e raiva. Nem sempre é possível alcançar a objetividade, exceto quando a mensagem tenta fibras dolorosas com o próposito visível de aplicar uma “lavagem cerebral“. Porque essa é a intenção desta nova série da Televisa, produzida por Pedro Torres. E não é um segredo, a mesma produção disse que “El Equipo” pretende que vejamos o lado “bom” do México atráves de histórias de heróis segundo estes, baseadas na realidade.

Poderão, por acaso, os milhões de mexicanos que marcharam pela paz, ver “El Equipo” com olhar objetivo, sem sentir que seu interior opõe resistência? Poderão as viúvas e órfãos de mais de 35 mil mortos ver com sentimentos patrióticos esta tentativa de limpar a imagem de um dos organismos mais corruptos?

Ao observar a série protagonizada por Alberto Estrella, Alfonso Herrera, Zuria Vega e Fabián Robles, tentei encontrar o lado artístico ou de entretenimento. Mas me resultou até perverso que desde sua transmissão (Canal de las Estrellas, antes do noticiário de López Dóriga) demonstre, na realidade, um perfeto Marketing. Ao que mais se aproxima de “El Equipo” é a palavra “infomercial“. Um espaço na televisão comprado para promocionar algo: “vender” uma ideia, neste caso. A produção com qualidade cinematográfica pode ser estupenda; as atuações podem considerar-se boas, a linha dramática pode resultar aceitável, mas não deixa de ser um infomercial com um objetivo direto: limpar a imagem da polícia federal.

Que dentro deste organismo existem integrantes honrados e incorruptíveis? Claro que deve haver. Se esse programa tivesse sido estreado em outra época, talvez a percepção seria diferente. Se não tivesse iniciado uma guerra no México que poucos pediram, talvez nunca lhes passasse pela cabeça fazer esta série.

Como um produto de televisão, direi que o resultado não é digno de louvor. A série é lenta e pesada em muitos momentos. O formato de meia hora corta a intensidade das cenas, o que não permite capítulos redondos como exige o esquema. Mas bem, por seus personagens, roteiro e tratamento das histórias, o formato se apróxima mais ao de uma telenovela.

Calladita Ramírez

:: Fonte: Vanguardia
:: Tradução & Adaptações: RBD-Forever.com

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