Rock Of Ages: um sucesso que era de se esperar

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Depois do colunista Mauricio Castillo opinar, agora foi a vez de Miguel Ángel Espinosa fazer sua crítica ao musical Rock Of Ages, que já está em cartaz na Cidade do México desde a última sexta-feira (24), e marca a estreia de Dulce María no teatro musical, dando vida à sua protagonista Sherrie. Confira:

A menina no orfanato com esperança de ver o sol, o casal bobo de crinolina e gel no topete e os jovens que tocavam com a guitarra acordes entediados, pertencem a outra era. Hoje, com a produção e a visão de Gerardo Quiroz, Rock Of Ages (La Era del Rock) não é a típica comédia musical clássica familiar, mas a nova atração turística da Cidade do México que armada com guitarras elétricas, acústicos, baterias e sintetizadores aterrissa da Broadway e de Las Vegas para despertar nossa época de anos oitenta, fornecer-nos umas generosas doses de nostalgias e destruir nossos tímpanos de prazer em uma nova e espetacular produção articulada com hits clássicos de Quiet Riot, David Lee Roth, Poison, Night Ranger, Starship, Twisted Sister, Foreigner, Journey, Pat Benatar e Bon Jovi, entre outros grupos e cantores que redefiniram o rock, e interpretados por uma banda de músicos no meio do cenário.

No chão há suor e satisfação, a função exala seu último rugido e o público aplaude calorosamente ao talentoso elenco composto por Dulce María, Ernesto D’Alessio (que interpreta o egomaníaco Stacee Jaxx), Patricio Borguetti, David Cavazos, Vadhir Derbez, Tzáitel (Poder ao proletariado!), Laura Cortes, Juan Carlos Casasola, Mauricio Castillo, Arturo Echeverría, Jaime Rojas e uma montagem eletrizante de quase vinte atores, cantores e bailarinos, (onde, destaques à parte para Adrián Pola, quem recria uma personificação magnífica de Franz, um papel com vislumbres de ser uma caricatura da história em quadrinhos Pee-wee Herman), todos de uma preparação impecável.

Em sua etapa inicial, a resposta da pesquisa é esmagadora :”Ótima”, “Cool”, “Engraçada”, “Puxa vida, muito boa”. Assim é o teatro da vida: de ovas e de ovos. E essa música lançou a segunda. Em plena era das redes sociais, críticas favoráveis transitam via Facebook e twitter elogiando a montagem e despertando o interesse coletivo.

Superando sua produção de Cats e até mesmo a versão original de Rock Of Ages em Nova Iorque, Quiroz se atreveu a agitar os braços da cenografia viva de Salvador Nuñez e esticá-los para a entrada do teatro, transformando-o em uma santuário do rock com muros pintados, long plays, sutiãs, calcinhas penduradas no teto e como parte de uma aparição surpreendente e agradável de Kenny e Los Eléctros que animam a sala e à noite antes do show com grande eficácia (Não tenha medo de se apaixonar, não fujas, não fujas de mim!) para voltarmos no tempo aos escandalosos anos 80 (We’ll get wild, wild, wild!) sem resistência. Assim, México oferece um excelente conjunto de produtos em todo o mundo com a marca de seu diretor geral.

Em cima, no cenário, tudo toma vida: elaboradores se sets do cenário sobem, baixam, giram, avançam, retrocedem, entram por um lado e por outro, se deixam banhar pela luz, enquanto as grandes luzes centrais de fundo da tela e o objetivo se cumpre: o espectador ingressa aonde Quiroz e sua equipe querem levá-lo: para a Avenida Sunset Strip em Los Angeles, Califórnia e em uma dimensão espacial que sacode os sentidos para fazer com que enlouqueçam-se, relacionem-se e conectem-se com a história, a música e os personagens.

Tudo se harmoniza perfeitamente: a eletrizante iluminação de Ángel Núñez, a vigorosa coreografia de Yair Maldonado e Roberto Ayala, o figurino desgarrado e atrevido criado por Marcela Valiente, as projeções em telas multimídia de Roger Dueñas para cantar em inglês verso por verso e a direção de Ricardo Díaz, Beto Castillo e o próprio Gerardo Quiroz, cujas contribuições critativas tem sido precisas e determinantes nesta produção onde o orçamento de vários zeros à direita olha em todos os lugares para dar um mergulho para fora da janela.

Marco Villafán confiou na decisão bem sucedida e o desafio de preservar quase intacta, as letras em inglês. Neste que é talvez um dos seus exercícios bilíngues mais brilhantes e exigentes. Para isso, ele cheirou o script linha por linha para identificar com lupa e caneta precisas quando for para cantar em inglês e onde terá que baixar a ponte para o avanço do espanhol, respeitando o roteiro original de Chris D’Arienzo e permitindo que a história seja inteiramente compreensível.

Quiroz e sua criativa equipe sabem que este tipo de show importado cuidadosamente confeccionado para o deleite de um público bem definido que vai fazer duas diferentes eras se encontrarem, rirem, cantarem e dançarem. O teatro musical do México vive uma era que gera novos talentos, melhores propostas e formas distintas de montar espetáculos. E na próxima quinta-feira, dia 30, data da estreia oficial, será uma noite de gozo para que todos peguem as jaquetas, os jeans, a língua, cervejas, se convulsionem e apontando para o céu com o indicador e os dedos pequenos, como sinal de aprovação. Vamos lá, sentir o som. Ou melhor: “Cum On feel the noize! Girls rock your boys, we’ll get…”

Créditos: FB Miguel Ángel Espinosa & DMBR

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